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Como lidar com dívidas de familiares e amigos que estão em seu nome

“Mais fácil dizer do que fazer”. Ou: “Aprenda a dizer não”. Essas são algumas das avaliações básicas de um site de aconselhamento econômico a quem tenha de lidar com problemas de familiares e amigos superendividados, principalmente se as dívidas estão em seu nome.

Se você acha que dizer não é o caminho, pode encerrar a leitura por aqui. Mas se entende que há algo mais para ajudar familiares e amigos queridos a escaparem do excesso de endividamento, para o bem deles e também o seu, então avalie algumas sugestões que a Crediativos traz no artigo de hoje.

O famoso “pode deixar que eu pago depois”

Você já se viu em uma situação em que, por amor ou amizade, acabou assumindo uma dívida que não era sua?

Quando alguém próximo precisa de ajuda, o coração acaba falando mais alto. E, às vezes, essa ajuda vem em forma de um financiamento, um cartão de crédito extra ou um empréstimo com o seu CPF. Na hora, parece uma boa ação — e pode até ser. Mas quando o combinado não sai como o esperado, quem sente no bolso (e no nome) é você.

Se você emprestou seu nome para um familiar ou amigo fazer um financiamento, um empréstimo ou uma compra parcelada, e o que parecia uma ajuda simples se transformou em parcelas atrasadas ou o peso financeiro batendo à porta, talvez esteja se perguntando: “E agora, como resolvo isso?”.

Situações delicadas como essas podem mexer com as emoções e com as finanças. Por isso, é importante entender como lidar com elas sem perder o equilíbrio – nem a relação.

Por que as pessoas se endividam?

Antes de mergulharmos nas soluções, é importante entender por que tantas pessoas, incluindo familiares e amigos, acabam se endividando. Compreender as causas pode ajudar a abordar a situação com mais empatia e clareza. Alguns dos motivos mais comuns incluem:

  • Falta de planejamento financeiro: muitas pessoas não têm um orçamento bem definido, o que leva a gastos descontrolados ou à subestimação de despesas futuras.
  • Imprevistos financeiros: desemprego, problemas de saúde ou emergências familiares podem desequilibrar as finanças rapidamente, levando ao uso de crédito sem planejamento.
  • Consumoimpulsivo: a facilidade de acesso a cartões de crédito e financiamentos pode incentivar compras por impulso, especialmente em momentos de pressão social ou promoções.
  • Falta de educação financeira: sem conhecimento sobre juros, parcelamentos ou gestão de dívidas, muitas pessoas assumem compromissos financeiros que não conseguem honrar.
  • Pressões sociais ou familiares: o desejo de ajudar pode levar a decisões financeiras arriscadas, como assumir empréstimos para terceiros.

Terceira idade: por que mais dívidas chegam nessa fase da vida?

Boa parte dos familiares endividados está nessa situação por causa da idade avançada. Aumento da expectativa de vida, aposentadorias minguadas e mais despesas com a saúde criam um terreno fértil para o endividamento.

O fato é que, além de perder a renda do trabalho ao se aposentar, muitos idosos se veem com frequência às voltas com despesas médicas ou imprevistas, além de pedidos de ajuda de amigos ou familiares. Para não falar de armadilhas financeiras e mesmo de aparentes benesses como o crédito consignado – às vezes envolto em falcatruas, como se descobriu recentemente.

Este, em particular, oferecido pela rede bancária a aposentados e pensionistas do INSS, acaba com frequência consumindo boa parte dos seus rendimentos, descontada diretamente na folha de pagamento.

O endividamento na terceira idade costuma ser decorrente de:

  • Despesas com saúde: planos médicos caros e remédios fora do orçamento tornam-se vilões. Um idoso com diabetes, por exemplo, pode gastar R$ 500 mensais só em medicamentos.
  • Empréstimos consignados: com taxas de juros atrativas, muitos pegam esse tipo de crédito para cobrir emergências ou ajudar a família, e os descontos no benefício vão-se acumulando.
  • Apoio aos filhos/netos: é comum ver avós pagando estudos ou quitando dívidas dos mais jovens, com isso sacrificando suas próprias finanças.
  • Falta de previsão: sem uma reserva robusta, qualquer imprevisto – como um conserto em casa – pode virar dívida.

Quais as situações mais comuns em família?

Quando falamos de dívidas de familiares ou amigos no nome de terceiros, algumas situações são especialmente frequentes. Reconhecer esses cenários pode te ajudar a identificar o melhor caminho para resolver o problema:

  • Empréstimos ou financiamentos em conjunto: um parente pede para usar seu nome como avalista ou titular de um empréstimo ou financiamento (como de um carro ou imóvel), mas não consegue pagar as parcelas.
  • Uso do cartão de crédito: você empresta seu cartão de crédito para uma compra, mas o familiar ou amigo não paga a fatura, acumulando juros no seu nome.
  • Contas de consumo: assumir contas de serviços, como telefone ou energia, para ajudar alguém que não tem crédito e que acaba atrasando os pagamentos.
  • Apoio em momentos de crise: assumir uma dívida para ajudar um familiar em uma emergência (como despesas médicas), mas sem um plano claro para a quitação.
  • Acordos informais: fazer compras parceladas ou assumir compromissos financeiros com a promessa de reembolso, que muitas vezes não se concretiza.

Essas situações, embora motivadas por boas intenções, podem colocar sua saúde financeira em risco. Mas com as estratégias certas é possível resolver o problema de forma respeitosa e eficaz.

Ações práticas

Lidar com dívidas de amigos ou parentes que estão em seu nome pode ser uma situação delicada — envolve finanças, confiança e, muitas vezes, fortes emoções. Na sequência, confira algumas dicas práticas para enfrentar a situação com firmeza e empatia:

  1. O primeiro passo: encare a realidade com carinho, mas com firmeza

Nada de pânico, nada de culpa. A primeira coisa é entender o tamanho do buraco:

Reúna todos os documentos: contratos, comprovantes, extratos bancários;

– Confira valores, prazos e juros: saiba exatamente o que está em jogo;

– Identifique como foi contraída a dívida: foi um empréstimo, compra com cartão de crédito, financiamento?

  1. Converse com a pessoa envolvida

Em certos casos, falar sobre dinheiro com quem amamos pode ser desconfortável, mas é essencial.

Chame a pessoa para uma conversa franca, em um tom respeitoso e sem julgamentos. Explique como a situação está te afetando – seja pelo peso no orçamento, seja pela preocupação com seu nome no mercado.

Se for viável, proponha que dividam a responsabilidade. Talvez a pessoa possa assumir as parcelas gradualmente ou vocês possam buscar uma renegociação juntos. O importante é manter o diálogo aberto e evitar que a relação seja abalada.

Mas atenção: se essa conversa não for possível ou segura, priorize sua proteção emocional e financeira.

Veja aqui algumas dicas para que uma conversa eficaz:

– Seja direto: explique que a dívida está afetando sua vida financeira.

– Evite acusações: foque em soluções, não em culpas.

– Negocie com a pessoa: ela pode pagar parcelas mensais?

– Formalize o acordo: mesmo entre amigos ou parentes, um contrato simples ajuda a evitar mal-entendidos.

– Considere envolver um mediador: a ajuda de alguém neutro pode facilitar o diálogo.

  1. Busque alternativas para renegociar a dívida

Se a dívida já está atrasada ou acumulando juros, não se desespere! Muitas instituições financeiras estão abertas a renegociações, especialmente se você demonstrar interesse em resolver a situação. Aqui vão algumas dicas práticas:

  • Entre em contato com o credor: Ligue para o banco, financeira ou loja e pergunte sobre opções de parcelamento ou descontos para quitação.
  • Considere a portabilidade de crédito: Em alguns casos, transferir a dívida para uma instituição com juros menores pode ser uma solução.

Lembre-se: quanto antes você agir, menores serão os juros e o estresse!

  1. Estabeleça limites para o futuro

Assumir dívidas por outras pessoas é um gesto generoso, mas pode trazer complicações. Para evitar que isso ocorra, estabeleça limites claros:

  • Diga “não” com carinho: Explique que você valoriza a relação, mas não pode mais emprestar seu nome para financiamentos ou empréstimos.
  • Ajude de outras formas: Se possível, ofereça apoio com planejamento financeiro ou indique soluções como as que a Crediativos oferece para quem está com dificuldades.
  • Proteja sua saúde financeira: Priorize seu orçamento e mantenha uma reserva de emergência para não ficar vulnerável a imprevistos.

E o emocional, como fica?

Ter que arcar com um problema que não é 100% seu pode gerar rancor, mágoa ou frustração. Isso é válido e humano. Mas tente não se afundar nisso. Lidar com dívidas de terceiros no seu nome é um sinal de que você é confiável — e, ao mesmo tempo, uma oportunidade para cuidar melhor de você mesmo.

Aprenda com a experiência. Estabeleça limites. E se precisar de ajuda, procure orientação financeira e emocional.